Vale a pena ser nômade digital? Melhor manter os “pés nos chão”

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Mulher trabalhando no notebook no meio da praia - Vale a pena ser nômade digital

Nos últimos anos, o termo “nômade digital” se tornou quase um sinônimo de liberdade e aventura. Trabalhar de qualquer lugar do mundo, conhecer novas culturas e não ter um chefe te olhando por cima do ombro soa como um sonho para muita gente. Mas será que realmente vale a pena viver assim?

O tal nomadismo digital tem um charme inegável. A ideia de acordar com vista para o mar em Bali, tomar café em uma cafeteria charmosa em Lisboa ou passar um mês explorando cidades da América do Sul é realmente tentadora. Para pessoas que valorizam experiências e liberdade acima de estabilidade, pode parecer a vida perfeita. E, certamente, para alguns, é. Mas antes de fazermos as malas e vendermos tudo, acho melhor encarar a realidade sem filtros - especialmente os das redes sociais.

Mulher jovem e bela em vestido verde sentada em cadeira de praia em hotel, chegando para se hospedar com mala vermelha ao lado - Nômade digital

A primeira grande armadilha do estilo de vida nômade digital é a ilusão de liberdade. Trabalhar de qualquer lugar não significa que o trabalho vai desaparecer. Na verdade, muitas vezes ele se intensifica - quem trabalha em home office sabe muito bem do que estou falando. As tarefas continuam, os prazos continuam, as pessoas seguem te amolando mesmo de longe, e isso sem falar das contas, das obrigações pessoais. Não vai ficar só curtindo o dia inteiro. O que muda mesmo é que você vai estar fazendo isso em cafés lotados e hostels barulhentos, compartilhando uma conexão de internet instável.

Além disso, algo que não transparece nos posts e nos vídeos de influenciadores, mas que é muito importante é que ser nômade digital exige disciplina extrema! Sem horários fixos, sem rotina e sem supervisão, é fácil se perder - e podemos nos perder para ambos os lado. Muitos acabam trabalhando mais horas do que jamais fariam em um emprego tradicional, enquanto outros mergulham em procrastinação e ansiedade, o que acaba refletindo nos ganhos (e gerando mais ansiedade).

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O efeito psicológico também não pode ser ignorado: a solidão pode bater forte, mesmo cercado de pessoas e viajando para lugares incríveis. Amigos de verdade ficam longe, família disponível só pelo celular e, sem uma base fixa, construir relacionamentos duradouros se torna muito mais difícil.

Homem madura sentado, olhando para janela refletindo - Nômade digital

Ah! E não é barato! Não caia nessa!

Os viajantes nas redes sociais gostam de mostrar estadias supostamente baratas em destinos paradisíacos, mas a verdade é que isso muito relativo. Dá pra viajar gastando pouco? Dá sim! Mas, nesse caso, suas aventuras serão bem menos “instagramáveis”.

E não se esqueça dos perrengues. Voos e viagens rodoviárias constantes, atrasos, problemas na hospedagem, colegas de quarto desagradáveis, comida estraga, cartão bloqueado ou clonado. Muita coisa chata pode acontecer. Inclusive, gerando mais gastos. A vida de nômade digital não é necessariamente mais barata ou mais cara que a vida tradicional, ela é diferente e exige planejamento financeiro sério.

Mulher jovem e bonita de óculos escorada na mala azul, esperando viagem atrasada - Nômade digital

Óbvio que nem tudo é negativo. Para quem se adapta bem, o nomadismo digital oferece experiências que nenhum escritório ou rotina local pode oferecer. Aprender novas línguas, viver culturas diferentes, expandir a rede de contatos global e ter histórias únicas para contar são recompensas reais. Para pessoas que valorizam aventura, aprendizado constante e flexibilidade acima de tudo, a experiência pode sim agregar muito.

Então, vale a pena ser nômade digital? A resposta honesta é: depende. Depende do que você espera da vida, da sua capacidade de lidar com incertezas e com a solidão, e da sua disciplina para equilibrar trabalho e lazer. Se você está buscando uma fuga mágica de problemas ou apenas quer ostentar fotos bonitas no Instagram, provavelmente vai se decepcionar. Mas se você quer desafiar seus limites, crescer pessoalmente e profissionalmente, e não se importa de lidar com os lados menos glamourosos da vida itinerante, vá em frente.

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Só não acho, entretanto, que seja para todo mundo. Há pessoas que simplesmente não suportam trocar de ambiente o tempo todo ou se sentem muito solitárias. Está tudo bem.

Na minha opinião, acho que é uma experiência que vale a pena ser vivida, pelo menos por um tempo (o tempo que você definir). Agora, tomar isso como estilo de vida, ai é já demais pra mim. Sou muito apegado à minha casinha, minhas coisas. Viajar é bom, mas viajar demais (com várias rotas em sequência) me incomoda. É de cada um.

Há quem enxergue o nomadismo como a melhor forma possível de viver, e tenho respeito e admiração por essas pessoas. Cada um é cada um. Só está errado quem se mete nessa só por aparência ou por acreditar ingenuamente que abrir o notebook na praia é sinônimo de liberdade e felicidade - Trabalhar na praia? Quer prisão pior do que essa?

E você? O que pensa sobre o assunto?

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